Jesuses



Hoje, sexta-feira santa, é o dia em que muitos relembram o sofrimento de Jesus, um homem que foi crucificado e cuja história e bondade são a base de muitas religiões. Mesmo tudo tendo acontecido há mais de 2000 anos, sua morte ainda é lembrada por muitos nesse dia, sendo motivo de luto para os devotos.

Não duvido que Jesus, como homem, tenha sido um marco na história mundial. Sua saga de sofrimentos, injustiças e caridade foi escrita por alguns, editada por muitos e comerciada por muitos – muitos! – ao longo da história.

O mundo continuaria vivendo sem Jesus. O homem continuaria existindo. Talvez já estivesse explodido o mundo sem seus ensinamentos, ou talvez não. Não da para saber quantas decisões seriam diferentes na história se as pessoas não agissem acreditando em fé e em religião.

No entanto, penso que mesmo se a vida de Jesus não tivesse sido utilizada pela igreja como uma forma de atrair devotos, mesmo assim ele teria conseguido seu lugar na história da humanidade: Quando a sociedade “pensante” (entendamos aqui como pensantes aqueles que escreveram a história) está restrita a uma população pequena e uma região delimitada, fica mais fácil encontrar aqueles que se destacam.

Hoje em dia, se destacar entre 6 (ou 7?) bilhões de pessoas no mundo é uma tarefa árdua, ainda mais quando a sociedade prioriza conhecimentos mundanos e nefastos como aqueles que merecem destaque. Há e houve por aí muitos homens e mulheres que fizeram o bem e viveram para o bem. Carregaram cruzes físicas ou não, foram recriminados socialmente, apontados e apedrejados, mas continuaram sempre vivendo para o bem. Hoje, chamaríamos estas pessoas de “tontas dos outros”. Há dois mil anos, chamaram-na de Jesus.

No mundo há muitos Josés, Marias e Jesuses. Há aqueles que se abdicaram da matéria para viver para o bem, mas não notamos mais. Se alguém hoje se aclamasse Jesus, ninguém acreditaria. O chamariam de louco, infame e o veriam como um aproveitador de situações, mas há, por aí, inúmeros espíritos bons que tentam fazer o diferencial onde vivem – só que suas histórias não são vendidas como dignas de se seguir ideologicamente.

Há crenças de que Jesus veio a Terra para tentar colocar ordem no caos que se instalava aqui. Digo que ele – em longo prazo – então falhou. Não posso dizer em curto prazo, porque se vivi há dois mil anos, não me lembro mais, mas analisando o que é a sociedade hoje em dia, digo de que nada valeu o sofrimento daquele coitado (e de muitos outros que passaram pelas mesmas desgraças que ele naquela época, lembremo-nos) em tentar controlar o homem e seu egoísmo.

Ainda continuamos matando, traindo, somos ambiciosos e avarentos. Roubamos, somos tiranos e mundanos. Somos materialistas, somos egoístas. Somos exatamente como era o homem “primitivo” de 2000 anos atrás. Somos animalescos, grotescos e cruéis.

Cultuamos a morte de um ícone da bondade humana que não descansa em paz desde que morreu, porque todo ano sua alma é velada pelo mundo todo. E de nada adianta, porque no fundo a sociedade continua corrupta e contaminada com o desejo de querer sempre mais e a vontade de cada vez mais se importar menos com os outros.

Comentários

  1. Boa, Helô.

    Gosto de pensar assim também, sabia? Não acredito na Bíblia, ou em Deus, ou na igreja. Mas não duvido que Jesus tenha existido e que tenha sido um grande cara na época, como foi Ghandi, Da Vinci, e outros grandes seres humanos. O problema, me parece, é que ele foi usado como homem-propaganda de um método de coerção do povo, que é a religião.

    Nessa ideia de espalhar as ideias do homem, alguém pensou que isso seria ótimo para amordaçar as pessoas. E foi o que aconteceu.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Sou água

Momento (E)Terno

Você já analisou o Efeito Borboleta da sua vida?